A meio da manhã, já estava no alto da serra, que subi a pé na ultima meia hora, sentado na eira de uma aldeia deserta debruçada sobre um vale com a civilização ao fundo, a roer peras e a passar a minha vida em revista, à procura de padrões.
Padrões de comportamento que tiveram sucesso repetidamente e padrões que não me trouxeram nada de bom.
Todos nós temos padrões de comportamentos que tendemos a repetir em situações semelhantes. Identificar os que não nos satisfazem e corrigi-los é importante para o nosso desenvolvimento pessoal. Por exemplo há pessoas que se atrapalham sempre que conhecem alguém, quando noutras situações não. Porquê? O que é que podem fazer para corrigir isso?
Apontei algumas conclusões. Algumas já me tinham sido dadas, mas uma coisa é ouvir, outra é chegar lá por nós.
- Ter vida própria (aqui vista como uma independência emocional de terceiros)
- Gozar os processos, sem ligar aos fins
- Dizer “Não”.
- Não prescindir do que me dá prazer
Desci e, depois das necessidades das ideias, os prazeres da carne. Grelhada mas não muito, com um arroz de feijão fabuloso e regada por meia garrafa de tinto.
Seja pelas rotundas, seja pelo tinto, o certo é que deixei-me perder calmamente por aquelas estadas. Só sabia que seguia na direcção de Coimbra, aproximadamente. Um muro aqui, uma casa acolá e fiquei com a certeza de que estava naquela estrada. Por isso quando vi a placa “Foz de Arouce”, tive de virar e ir lá.
Em Foz de Arouce há um campo de férias, um sítio isolado do mundo, uma bolha do tempo que só se abre para quem lá tenha estado. Ali, reinos foram construídos, namoros desfeitos, tesouros encontrados, amores descobertos, amizades efémeras juradas para sempre. Ali eu fui feliz.
Ali vi o melhor do que posso ser e a vida que poderia ter.
Vi o passado sem olhos molhados de pena de mim próprio, mas com o reconhecimento de tempos bem passados.
Já podia regressar.
Epilogo:
Pelo caminho parei em todas as áreas de serviço para escrever. Sentia-me revigorado, apesar (ou talvez por isso mesmo…) do esforço físico. Vim a viagem toda sem a necessidade do rádio para encher o carro. O Bogas estava cheio comigo. Sentia-me bem comigo mesmo. Tanto que quando cheguei fui ao cinema (“Dália Negra” é BRUTAL!!!! FABULOSO!!!) e depois passei no Havana para beber um mojito. Espero que Freud me explique esta minha fixação com discotecas começadas por H, o certo é que estive ali sozinho muito bem e acho que isso se notava a avaliar pelos olhares que recebi…
PS: Zuco… Tu és um gajo porreiro para estar contigo, sabes? Tu estás lá!
51 comments:
Por acaso até és...
SHAKTI: Obrigado!...
O ZUCO É CARECA!
Acho que não era capaz de analisar a minha vida com essa frieza, à procura de padrões... Ou se calhar era, mas sinceramente tenho medo do que possa descobrir.
Mas parece-me uma ideia genial (o grande Zuko no seu melhor :p) e um dia vou ter de experimentar...
(raio da aragana tá mesmo endiabrada!)
ARAGANA: Quem diz é quem é!
NINFA: Não? Achas que não consegues encontrar padrões? Eu acho que sim, aliás até acho que mostras um ou dois por aqui. Quanto ao medo da descoberta...Isso nem parece nada teu ;-) E olha que aqui já está um padrão!
(ainda vou ter de bloquear a gaja!)
Zuco ... tu estás lá, sem dúvida.
(É dos carecas qe elas gostam mais) eh eh
COMUNICADO:
O Zuco NÃO É CARECA.
...tem 86 60 86(???!!??)
1,87 m
E vai ao ginásio dia sim dia não, para manter a sua forma escultural.
Prontus.
Tive aqui de fazer uma reposição da verdade senão o Zuco não era mais meu amigo.
PS - EU é que sou CARECA.
Tens de passear mais vezes, para depois podermos usufruir da inspiração que recolhes :)
Então vais ao Havana e não dizes nada a ninguém? tsc tsc tsc
Não , não era isso que queria dizer. Tenho a certeza que ía encontrar padrões... não quero é olhar para eles.
Neste momento só me apetece fazer coisas e viver experiências sem pensar muito nisso. Noutra fase da minha vida talvez faça uma introspecção desse género... agora num quero.
(estarei na idade do armário?)
lol
Vou-te já dizer que até me arrepiei a ler este post...nem consigo escrever mais nada, para não estragar! :)
Eu só acho que ainda se nota aqui uma grande nostalgia relativamente ao passado, que não digo que não seja importante para uma viagem interior deste tipo e eu que sou tão agarrada ao passado compreendo perfeitamente, mas acho que a partir daqui e depois de teres chegado a todas estas conclusões o caminho é sempre em frente!!!
beijinho
ehehe adorei o PS.
Um post que posso considerar interessante, bonito e nostálgico ...gostei, sem mais palavras.
beijos (recatados)Zuko :)
Entao mas tu vens para estas bandas e nem dizes nada!!! Mas eu entendo... era o momento de estares apenas contigo. Reflexão e introspecção fazem sempre muito bem... Jinhos
Minha 1ª vez por aqui..gostei muito deste post...volto para te "espiar".
Deixo beijos
Meu caro irmão blogosferico prepara-te!
Li com cuidado e atenção este teu post, que de facto segue a linha de muitos outros, bem escrito! Já te vi escrever coisas lindas, e este é provavelmente o melhor que te li.
Talvez me deixe levar pelos olhos de quem lê com a emoção de ver que uma pessoa de quem gosta decidiu realizar (ou retomar) a mais longa e dificil viagem que alguém pode fazer. A viagem à nossa própria pessoa.
Invejo-te a frieza com que falas com o mesmo desprendimento das peras, do arroz de feijão e de um passado com olhos molhados. Leva-me a pensar que se calhar valorizamos demais os olhos molhados ou não conseguimos valorizar o arroz de feijão. Quem sabe?
Já te tinha dito, que há certas viagens que é conveniente fazermos sozinhos, perdermo-nos, voltar ao inicio, voltarmo-nos a perder, até não fazer muito sentido, ou não ser necessário encontrarmo-nos porque isso não é fundamental para soltarmos um sorriso.
Fico muito feliz pela viagem, não por aquela que fizeste ao alto da serra, mas por naquele carro que te trouxe teres percebido que a viagem ainda agora começou!
Um grande abraço!
Amigo!
Estás lá estás :P ;-)
Ó Zuco, amiguito... tenho algo para ti, que demorou, mas chegou!
«Caro Zuco,
(...)
É que, é mais que sabido que uma mulher desdobra-se em inúmeras mulheres, e apenas alguns homens conseguem aperceber-se da importância desse facto.
(...)»
Beijo doce
ps - o link vai lá dar directamente ao resto da resposta ;-)
As viagens ao centro da terra que somos nós são fascinantes, recolhemos sempre fragmentos de tudo aquilo que nos fez rir e chorar. No canto dos lábios fica sempre a pairar um sorriso, ora maroto, ora nostálgico.
Bem (re)vindo ao melhor de ti nas palavras que constróis e nas ideias que desmontas aos nossos olhos.
Obrigada pelas palavras que deixaste lá pelo meu cantinho.
Zuko, nao sei o que comente que todos os outros nao tenham comentado.. o vitor, esteve todo lá, nao dentro, mas esteve la, ha, granda vitor!
A serio... procurar padroes podera ajudar a encontrar uma linha, mas nao é a solucao para a vida, isso seria reduzir a condicao humana a um conjunto sistematico de accao-reaccao.
o que é importante, é a viagem que fazemos dentro de nós, aquela em que nos encontramos !
beijocas
Não consigo comentar, a não ser que ainda bem que gostas do rumo que a tua vida está a tomar :-)
Filmes bons, bons, vi dois em DVD há pouco tempo: TransAmerica e The New World. Tenho a certeza que vais gostar! Aluga!
MAEVE: Não sei se já estou, mas sei onde é que é!
ARAGANA: Obrigado pelo desmentido.
TANSOLO: Lá por causa disso digo para a próxima, pode ser?
NINFA: Eu tive de a fazer porque passei a ter outra vida e tenho de traçar rumos. Que na volta até vão dar ao mesmo sitio que tu, só que tu deixa-te ir pela corrente, eu vou a remos.
SEREIA: Não estragas nada! Gostei do arrepio!
NIKI: Foi um bocado o corte de amarras...
PLUMA: O P.S. é a pura da verdade!
DANNI: Saiba a menina que eu tentei descobrir o seu telefone (e tenho testemunhas!) mas não consegui! Mande-mo lá para não haver outras coisas assim...
LAURA: Espia á vontade!
Meu caro irmão blogosferico, preparei-me!
Li com tuda a atenção devida o teu comentário que tendo sido bem escrito, não poderia ser de outro modo.
O arroz até estava bem quente, assim como as memórias, mas estas, tal como o arroz, foram colocadas no prato para arrefecer e assim cumprir a sua função: Alimentar-me.
Com efeito sinto-me agora como o marinheiro que, no seu barco, se afasta de um porto onde esteve muito, talvez demasiado; e se despede, á distancia, deste bar, daquele armazem, da outra estalagem.
Tudo sitios que lhe são caros, mas agora longe e separados pela largura do mar.
Sejam os ventos de feição! Ou feijão...
Um abraço
SUTRA: Vou para lá vou...
SHAKTI: De nada e obrigado eu .
HELLUAH: Respondico e recomentado longamente por msn.
ANANI: Gostava de alugar, mas não tenho onde ver (casa emprestada...) mas gostava muito de ver o new world...
Zuco tu és um gajo porreiro para estares com qualquer pessoa!
MARIA: Hó pra mim a babar-me... :-)
Sorry...
...
Gostei do que escreveste e de como se passou esse teu dia especial.
Como eu te entendo...
Já passei por algo semelhante, e a mudança traz-nos uma força e uma maneira de ver as coisas completamente diferente.
Mas não pares...ainda estás a dar os primeiros passos...
Podes contar comigo p te dar força.
Devo dizer sorry de novo?
(estás zangado comigo?!)
Bjs, até.
Estava a ouvir esta música e lembrei-me do teu post.
Para ti:
Watch my life pass me by
in the rearview mirror
Pictures frozen in time
are becoming clearer
I don't wanna waste another day
Stuck in the shadow of my mistakes
yeah
(...)
What's Left Of Me
by N. Lachey
Uma beijoca
PINK: (Prety in..?)Não paro! Vá empurra dai, então...
E não, eu nunca perdou a quem me faz rir :-)
MAEVE: Não conheço a música, mas gostei da letra.
Estás a crescer intimamente, pessoalmente e a aprender a conviver contigo próprio...
Excelente texto.
Baci.
Agora me apercebo... desde qdo é que o meu blog morreu? Tenho de me chatear... lol. Jokinhas
É só para dizer que tou mais aliviadinha...
"Que a Força esteja contigo"
:)
Hoje é dia de comentar, por isso aqui estou. Ora aqui está umpost que dá que pensar... Bolas, agora é que isto vai ficar tudo cheio de fumo e eu todo chamuscado. Mas na verdade, tem razão, há certos lugares que nos enquadram no mundo ou, melhor dizendo, na realidade. Fique então bem enquadrado, seja no Havana, no Hawaii, na Hungria ou até mesmo em Huelva. Não se esqueça de bater com o punho fechado no seu peito enquanto diz para si: Zuko, tu estás lá. é que se não for como eu digo não surte efeito. Acredite, eu também estou lá, mas não muito... Só mesmo um bocadinho, mas também conta. Obrigado.
já deves ter lido de Herman Hesse, SIDDARTHA.
se não o fizéste, a conselho de alguém que já fez um percurso....
abraço e não te esqueças da Família
RPM
MARISA: Olha que não sei..
DANNI: Situação esclarecida.
PINK: Foste á casa de banho?
CARO SUINO:Voçê está lá, ou melhor aqui. No coração onde se bate.
RPM: Não, não li...
ESTELLA: E o mundo é feliz, o ceu cor de rosa e o bambi anda no jar dim.
Ya...
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